6 de abril de 2015

1. As palavras

A primavera chegou linda aqui no Porto, cheia daquelas florzinhas brancas na grama. Elas me lembram você. O que não é uma novidade: muita coisa me lembra você agora, desde aquele dia primeiro. 
As florzinhas me lembram você pela beleza inesperada. Tão pequenas nascendo assim no meio da grama, deixando tudo delicadamente mais bonito. Quando olho para elas me lembro da primavera. Quando olho para ti me lembro do amor. Tão pequena você, tão inesperada, deixando minha vida delicadamente mais bonita. 
Já te disse algumas vezes que você me deixa sem palavras. Não é bem sem palavras, mas sem reação imediata, como se a cada momento desse eu enfim descobrisse o amor. E, admirada, eu ficasse como uma criança diante da vida, encantada com a banalidade com que tratam tantos mistérios. E depois me vem uma enxurrada de frases e sorrisos e sensações, porque sou feita disso, de entrelinhas, e você parece ter uma aptidão inata em me ler.
Palavras! Elas sempre foram como um território sagrado para mim. Acho lindo que nosso amor se desenvolva nas letras, nos versos, nas vírgulas. Acho lindo o nosso combinado. Que não foi falado, apenas é. Isso de não nos privar das palavras. Acho ingenuamente lindo que eu possa te escrever cartas em dias que não posso te abraçar ou te mandar mensagens quando vejo uma coisa e me lembro de ti, que eu possa dizer o quanto eu gosto de estar ao teu lado enquanto beijo os teus olhinhos. Vão dizer que é perigoso, que é tolice demais. Mas acho lindo a forma que conseguimos enxergar poesia em tudo e não nos sufocar com a rotina e permanecer de mãos dadas mesmo quando nem estamos juntas. Quer dizer, juntas sempre estamos, você me ganhou como ninguém jamais tinha feito.
Obrigada pela beleza, pelas palavras e por ser a minha sorte.
(tua) M.

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