9 de janeiro de 2015

Nina

De primeiro, não parece. De primeiro, não se vê a alma enorme, os sonhos todos planejados. Precisão de bailarina, delicadeza também. De primeiro, não vê mulher, apenas uma menina. Mas ballet é sempre assim: a bailarininha rodando rodando na caixinha de música, parece tão frágil, uma esbarrada de criança e lá se foi o presente de aniversário da tia-avó despedaçado no chão. Só a música da caixinha ao fundo e a boneca sem os braços levantados em quinta posição. Mas se entra na academia, nos ensaios, nas horas incansáveis, os pés destruídos, as sapatilhas perdendo a inocência do cor-de-rosa, vê que a postura do palco é tão leve quanto rígida. Um fruto delicado do esforço. 
Tu é assim, Nina. De primeiro, é tão pequena, nem parece que cabe o mundo todo em ti. 

"Toda bailarina, pela vida vai levar, sua doce sina de dançar, dançar, dançar"

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