25 de outubro de 2014

Joana

No sonho você tinha as mãos muito quentes e uma facilidade ao meu lado. Passava os braços por mim numa intimidade não de convívio. Deve ser isso que chamam de afinidade. Tua amiga tinha tatuagens coloridas e bonitas numa pele muito branca, não me cumprimentou, apenas posou para que eu pudesse ver os rabiscos pelo seu corpo, não usava roupas, o que facilitava.
Joana, os cachos dos teus cabelos não são teus, você os inventa. Assim como a intelectualidade e todo o ar de superioridade que você passa. No fim eu sei, minha menina - não poderia te chamar de minha menina na frente de todos, você detestaria e, se há uma coisa que não é falsa em você, é esse seu horror da posse. Mas no fim, eu sei, minha menina, que na intimidade da tua casa, você é minha e ao mesmo tempo tão tua, tão inteira e livre. Você é lisa e tem tanta sede de aprender quanto um guri curioso de seis anos. Eu sei, minha menina Joana, que você entende todas as minhas palavras sem eu dizê-las e que nessa relação platônica todos os ideais são verdadeiros.
O que nos une é essa tua escrita forte, as tuas amizades certas, as tatuagens coloridas na pela branca da tua amiga, a nossa nudez quando somos, simplesmente, e todas as camadas que sobrepomos quando estamos.

Nota: há seis anos eu escrevia pela primeira vez na Varanda, nunca estive tão cheia de palavras quanto agora, nunca as guardei tanto para mim desse modo. Aqui uma promessa ou uma escolha ou uma necessidade: cumprir a maldição de escrever.

2 comentários:

Brenda Torquato disse...

eu não tenho entendido seus textos direito, mas eles andam tão carregados de sentimento e poesia, que não preciso entender, basta senti-los.

má straci disse...

linda