5 de dezembro de 2010

Meu abismo

Que posso fazer eu senão escrever? Escrever até o último minuto da minha vida fácil, dos meus problemas tolos, da minha alegria inventada. Escrever até não sobrar uma palavra sequer pra trás. Para não ser falada. As palavras só ficam bonitas no papel. Vou morrer no tempo de Natal - isso eu só escrevo, se fosse falar ririam de mim. Mas eu sei que em um dia vermelho e dourado meu anjo há de vir e eu vou sorrir feito criança, vou falar adeus como se amanhã fosse de novo ser a mesma coisa - mas não. Que cor eu vou ser depois? Azul da cor da minha caneta, ou branca feito o papel, ou carmim como minhas unhas, ou ainda castanha igual seus olhos. E nas vezes que você for à praia, eu vou ser areia. Eu vou ser sua filhinha aprendendo a maldição de escrever com a alma. E você vai se lembrar de como eu costumava ser profunda e você preferia se agarrar na beirada para não cair no meu abismo.

Um comentário:

Eu mesma disse...

nem sei como explicar o que senti quando li.