31 de julho de 2014

Entardecer

Nós éramos duas crianças. Não só você. E, como crianças, descobrimos quase sem medos novos mundos, em tantos sentidos quanto sua cabeça consiga imaginar. Como crianças, nós ralamos os joelhos e fizemos birra. Mas agora os machucados já sararam e  me lembro apenas daquela sensação de liberdade que você me fazia sentir. 
Os mundos eram também nós, eram também todas as particularidades que nos faziam quase opostos. Entramos, sem qualquer planejamento, na mesma órbita e fomos felizes. A sorte de bons encontros, inesperada alegria naquele que não nos faz parte. O tempo e o espaço já se consumaram, decretaram suas leis irremediáveis, passaram e não nos cabe o pertencimento. Tinha de ser assim. Tinha de ser assim?
Não sei, nunca saberemos. Por ora. Mas eu sou o tipo de pessoa que se importa com os caminhos. Quase mais do que com as linhas de chegada. E gosto tanto das cores do entardecer. Pra mim, você foi a hora bonita do crepúsculo que teima em ir embora e não há nada que se possa fazer a não ser olhar até o último raio de sol entrando nas montanhas. Falando assim parece triste, mas não é. Nós sabemos que todos os sorrisos foram (e continuam) verdadeiros e isso basta.

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