20 de abril de 2013

Aquele olhar

Esse texto não fala de coisas boas. Não tem nem um pouco de amor, só revolta. Esse (ou aquele) olhar não é bonito, não traz consigo carinho ou qualquer outro sentimento positivo. Tudo só porque eu sou mulher. E, historicamente, meu corpo é um simples objeto e minha função é satisfazer o desejo de milhares de homens. Talvez poucos homens entendam como é andar na rua e ser olhada com esse olhar. E por um instante eu penso no absurdo de certificar-me se minha roupa está adequada. Mas nem se eu estivesse sem roupa alguma eu tenho o direito de ser olhada desse jeito. É inconcebível que, ainda hoje, as mulheres andem na rua com medo de serem estupradas.
Vivemos num mundo absurdo, num paradoxo inacreditável. Tudo é encarado como preconceito e expressão exagerada (lembro aqui das acusações feitas ao estilista Ronaldo Fraga há um mês) ao mesmo tempo que atitudes absurdas são vistas com naturalidade e até justificadas (aqui entra o caso mais recente sobre o Gerald Thomas). Tudo isso não fere só a mulher como gênero, fere o ser humano que cada um carrega. Por isso não acho que o feminismo radical seja a solução, isso, com efeito, só trará segregação por outro viés. Será que pedir respeito e igualdade é pedir demais?

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