1 de abril de 2012

A fantástica fábrica de chapéus (Cury)

'... mas não me venha sem chapéu.'

O Seu Sergio era quase como o Willy Wonka dos chapéus abrindo aquele galpão secreto. Sem chocolates ou balas, mas com sorrisos e bisnetos e pelos de coelho. E com a vida nas mãos e o coração exposto, andava pela fábrica. Os olhos de quem conhecia cada canto daquele chão, daquelas madeiras, máquinas, poeiras. A neta também era muito a vontade ali, com jeito de quem corria entre os homens trabalhando com um chapéu grande demais na cabeça. Tudo era meio mágico, lúdico. A escada escura (será que tem rato aqui?) e os vidros como filtros naturais para os cineastas. "Fazer um filme na fábrica de chapéus do meu avô." Parar no tempo, no meio de baixo da chaminé, crianças e velhos sempre com lágrimas nos olhos. Sentar no canto e sujar o shorts, limpar a emoção do rosto do velho Chico. Quantos já nasceram, casaram e morreram naquele pedaço de história que é minha também?

Um comentário:

lary m. disse...

lindo, simples e lindo.