Tinham os mesmos nomes. Cresceram juntos, à sombra do mesmo amor materno. Ele era órfão, e a mãe dela, que o amava como se ele fora seu filho tomou-o para si, e reuniu os dois debaixo do mesmo olhar e dentro do mesmo coração. Eram quase irmãos, e sêlo-iam sempre completamente, se a diferença dos sexos não viesse, um dia, dizer-lhes que um laço mais íntimo podia uní-los.
Um dia os olhos se abriram, feito como Adão e Eva e os dois tão jovens, tão bonitos, se viram numa beleza diferente, se perceberam não iguais, mas sim complementares. No abraço, no meio da brincadeira, se encaixaram. Ficaram sem jeito, ruborizaram, o menino pediu desculpas, saiu pela rua. Voltou já era tarde, ela estava na cama, com os olhos bem abertos. Ficaram alguns dias se evitando, a mãe logo percebeu. Chamou a filha: o que está acontecendo entre vocês dois? A menina enrolou, disse que numa brincadeira tinham brigado, ele era orgulhoso, não vinha lhe pedir perdão. A mulher decidiu que iam para chácara no domingo, lá eles haveriam de fazer as pazes. Tinha tanto medo que se separassem, quanto de um amor diferente entre eles, mas logo convencia a si mesmo, argumentava que foram criados feito irmãos, que ela própria não fazia diferença entre eles. Eram iguais. Até mesmo seus nomes não tinham diferença, apenas uma letra definia o sexo de ambos. O sexo, eis o problema.
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