11 de setembro de 2011

Luisa e Luis - Na mesma casa {2}

Num domingo, foram até a chácara. Era pequena, muito bonita, arrumada e bem cuidada. Como quando eram crianças, logo correram até os cavalos. No passeio entre as árvores, pararam a beira de uma cachoeira. Era bem pequena e já conhecida dos dois. As memórias lhes vieram, não se lembravam mais do incidente daquele dia, esqueceram que tinham vergonha agora, que seus olhos já tinham se visto diferente e isso se tornara irreversível. Tiraram depressa a roupa, entraram na água fria, logo se arrepiaram. Estavam os dois com catorze anos. Ela era magra, cabelos loiros, olhos verdes. Ele era moreno, alto, um sorriso infantil. Num jogo silencioso e involuntário se encontraram dentro da água, corpos arrepiados, coração acelerado. Eram quase um só. 
De noite, escondida embaixo da coberta, ela chorou baixinho. Ele era seu irmão! O que mamãe iria pensar? Ele, no seu quarto, era só sorrisos, nunca tivera aquela sensação de euforia e pleno prazer como quando se abraçaram tão forte que ele sentiu, dentro do peito dela, o amor fazer barulho. Tum tum tum. Combinaram de agir naturalmente quando em frente a mãe e os parentes. Passaram alguns meses, tudo corria muito bem, ele a chamava de Capitolina, de tão dissimulada que era diante de todos. Pois a ele, sempre perguntavam por quem estava tão apaixonado, seus olhos brilhavam e não parava nunca de sorrir. Palpitavam até a neta da vizinha, mas mal sabiam que o amor morava na mesma casa.

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