1 de fevereiro de 2010

A água que desceu te levou também

A água desceu direto, tal como quando eu era criança. Foi correndo, não parou em nada e entrou pelo ralo correndo levando de mim uns pedaços. Você também se foi, agora. De novo. E como a água, eu já sabia que iria ser assim. Chega uma hora que as palavras não ajudam muito. Quando te vi indo para o ralo, desculpe, não deu mais tempo. Eu cresci e até eu abaixar, os seus cabelos lisos já tinham sumido no escuro. A água que desceu vai voltar, na descarga, para levar o que eu fiz embora. Você talvez um dia volte também. Me pegue pela mão e me leve embora.
Essa água arrastou gente demais, esse tempo durou pouco. Talvez a água nunca volte.

3 comentários:

v disse...

ótima metáfora. uma vez li que Machado de Assis fazia metáforas ahn... esquisitas. não era bem esse adjetivo, mas algo do tipo. o livro exemplificavam uma de um zunido de mosquito.
eu gostei muito de Dom Casmurro, então, se fazer metáforas de coisas bonitas (e talvez tristes) com outras esquisitas (talvez nojentas, intrasigentes, inóspitas) é genial, você é genial.

mas você é genial de qualquer maneira, Mari.
e eu espero que volte. ou não. que aconteça o que acontecer: a água que se decida.

. disse...

Às vezes as pessoas não são tão fortes e pesadas e às vezes elas são bem pequenininhas também, então escorrem pelo ralo. Eu não assim tão forte e sou bem pequena, eu escorro pelo ralo - sempre.

C disse...

Quando eu não entendo seus posts é porque eu preciso te ligar logo. Eu sei, eu sei. Sou uma veterana desnaturada.