O mundo belo e só dela

Era diferente. O jeito que as pessoas viam o mundo não era o mesmo que o dela. Ela via o mundo em todas as suas cores, formas e poesia. Olhava no espelho e se via cor de rosa com asas azuis, mesmo que as tais asas fossem puro fruto de sua imaginação. E sabe aqueles sonhos em que as nuvens são de algodão, as fadas existem e os coelhinhos saltitam pelo jardim? Assim era o mundo da Sophia! Não se importava muito com as coisas em seu redor e trazia sempre um sorriso no seu rosto já cansado das injustiças. Ela sempre sorria porque permanentemente conversava com seu amigo imaginário, Senhor Balu. Ele falava cada coisa... Mesmo quando o pai bêbado batia na mãe e a mãe, por sua vez, brigava com Sophia, o Senhor Balu fazia qualquer piadinha boba para arrancar um sorriso tímido da garota. Ela não se alimentava direito, era fraca, amarela e tinha os olhos ligeiramente tristes. E sorria! Vivia a cantar as coisas de seu mundo. O mundo que não era de mais ninguém, onde não tinha pai horroroso e nem mãe nervosa e nem aquelas garotas da escola que insistiam em humilhá-la. O mundo lindo em que ela vivia, só ela e o Senhor Balu.