2 de agosto de 2010

O grito

Hoje ela fala por mim, as palavras me fugiram e os meus olhos choram por um medo, que não é medo. Que é coragem, que é vontade, que são lágrimas escondidas num mundo de medos. Hoje a Clarice me responde, como sempre, com mais perguntas:

"[...] Mas sei que hoje é um grito. Um grito! de cansaço. Estou cansada! É óbvio que o meu amor pelo mundo nunca impediu guerras e mortes. Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lágrimas de sangue. Nem impediu separações mortais. [...] O mundo falhou para mim, eu falhei para o mundo. Portanto não quero mais amar. O que me resta? Viver automaticamente até que a morte natural chegue. Mas sei que não posso viver automaticamente: preciso de amparo e é do amparo do amor."

Clarice Lispector

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