5 de julho de 2010

A casa

A casa pegou fogo. Já era de se esperar, com tanto mato alto e seco entrando pelas janelas quebradas. No teto também tinha cupim e nos cantos insetos nojentos. Foi seu Cido que jogou um cigarro ainda aceso lá. Veio até o Corpo de Bombeiros e uma ambulância. A pequena Lisbela morreu, assim como o cachorro Golias. Ficou viva a dona Linda, com aquele cabelo bagunçado e a saia toda suja. Quem dera fosse ela que tivesse ido, e deixado para a vida a minha pequena princesa. Ela só tinha quatro anos e um risinho gostoso de criança, e Golias também não era mau. O que é ruim não vai embora, já dizia o meu pai. Agora fiquei aqui, com a casa ao lado soltando uma fumaça cinza, tal qual a boca daquela dona Linda. Fiquei sentado na minha varanda sem ter o que fazer, sem uma alegria que me valha um sorriso desse rosto enrugado pela vida (ou pela morte).

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