14 de dezembro de 2009

A parede amarela

De repente o mundo volta a girar. Por quanto tempo ele ficou parado, mãe? Até onde eu me lembro, aquela parede era amarela. A menina que está ali parada com os olhos azuis dormia aninhada nos meus braços e me sorria com a boca sem dentes. Ela estendia a mão gordinha e branca e brincava com a minha barba. A minha barba, ela não está mais aqui. Porque eu não me lembro de nada, mãe? Porque eu não vi a minha menininha dos olhos crescer? Onde eu estava? O que me ocupou tanto tempo, mãe, que não me deixou trocar as fraldas pelas bonecas, pelos lápis de cor, pela flauta doce? Agora ela é crescida e a parede é azul.

Nenhum comentário: