13 de dezembro de 2008
Vida da mulher
Naquela noite o sexo foi igual. Fizeram e cada um virou para um lado, dormiram. Agora ela acordara. Se virou e olhou para o homem que tinha escolhido há tanto tempo, em uma festinha do colégio. Naquela época era ainda uma franguinho. O moleque cresceu, virou jovem forte e charmoso, logo depois revolucionário estudantil, barba na cara e estilo alternativo. Depois pai babão, duas lindas meninas derreteram seu coração. Agora era velho. Não tinha mais barba nem o cabelo castanho tão brilhante de outra época. A mulher se levantou, foi até a cozinha. Sua boca estava seca, os olhos molhados. Tomou o primeiro gole de água e lágrimas escorriam pelo seu rosto quente. Quando terminou de beber, já tinha chorado, no silêncio de sua alma, a tristeza de sua vida. O marido nunca a fizera feliz. Sempre a amou e ela também, a ele. Mas nunca pegaram na mão um do outro e foram olhar o Sol ou a Lua. Viviam juntos e se davam bem. Mas nunca se olhavam nos olhos e já não divertiam um ao outro. Era vida vazia a da mulher. Noutros tempos tão linda e sonhadora. E ele, tão diferente e sedutor. Agora eram o casal chato e monótono. Ela nunca o fizera feliz. Ele queria viajar e beijá-la em lugares inusitados. Ela não quis, ele ficou acanhado. Os dois viviam presos na rotina chata. Os dois queriam sair de lá. A mulher voltou para o quarto, o rosto ainda úmido, deitou delicadamente em seu lado direito da cama. O homem acordou. Sutilmente se aproximou. Eles fizeram sexo como nunca antes, conversaram depois. De manhã, arrumaram as malas, foram assistir ao nascer do Sol. De mãos dadas!
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Um comentário:
Confesso que levei um susto na primeira e nas ultimas frases. Mas confesso, também, que adoro surpresas inusitadas tanto quanto adoro os seus textos. E juntar essas duas coisas ótimas foi, no mínimo, muito ótimo.
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