25 de outubro de 2008

Menina

A menina era toda certinha. Dessas que tem horário para comer, para tomar banho, para dormir, para acordar, para assistir televisão, para usar o computador, para jogar video-game, para fazer tarefa, para ler, para escrever. Ela não queria isso. Às vezes gostava sim, se sentia insegura sem essa rotina previsível. Mas só às vezes. Tinha vontade de fugir um pouco disso, sair pra rua e fazer alguma coisa diferente, vestir uma roupa estranha e cortar o cabelo. Isso estava dentro dela. O que estava fora era a mesmisse de suas ações. Não era culpa dela. A família era assim, como não se acostumar com isso? Ela procurava gostar das coisas. Não desprezava por completo a rotina chata da casa. Fora assim desde sempre. Ali era seu lar. Por vezes "balançava o barco". Fazia coisas fora do horário e coisas diferentes, o que desse na telha. Não sempre. Mas dentro dela a vontade era de voar. Sair um pouco da superproteção de seus pais e se aventurar com suas amigas. Era só vontade. Nem todas suas amigas eram assim tão livres, ela sabia. Mas, afinal, quem conseguia ser? E menina era toda certinha. Mas que culpa tinha? Sua casa funcionava assim desde sempre. Ela queria ser um pouco maluquinha. Ela sabia que podia ser, era só esperar, a liberdade viria com a idade. A menina também sabia, era só uma questão de tempo, amadureceria. Em sua casa a velha rotina, como nos tempos de adolescente. Ela se acostumaria.

2 comentários:

C disse...

Ela se acostumaria, ou não. Você sabe que eu sempre estou aqui pra enlouquecer com você.

TEAMOMARIANA.

nana tucci disse...

Obrigada pelas visitas, flor, e bom saber que você também tem seu cantinho agora. Que te faça tão bem quanto faz para nós escrever. Beijos!